É um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. Pelas hemácias, o oxigênio é transportado dos pulmões para as células de todo nosso organismo e o gás carbônico é levado destas para os pulmões, a fim de ser expirado. Os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo, nos defendem das infecções. As plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.
A medula óssea é um tecido líquido que ocupa a cavidade dos ossos (conhecida popularmente como o tutano do osso). Já a medula espinhal é formada de tecido nervoso que ocupa o espaço dentro da coluna vertebral e tem como função transmitir os impulsos nervosos, a partir do cérebro, para todo o corpo.
É um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue. Consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma medula saudável. O transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente. No transplante alogênico a medula vem de um doador. O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical.
Em doenças do sangue como a anemia aplástica grave, outras anemias adquiridas ou congênitas, e na maioria dos tipos de leucemias, como a mieloide aguda, mieloide crônica e a linfóide aguda. O transplante pode ser indicado para tratamento de um conjunto de cerca de 80 doenças, incluindo casos de mieloma múltiplo, linfomas e doenças autoimunes.
Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico incluindo exames complementares para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.
Há um outro método de doação chamado coleta por aférese. Nesse caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia.
A decisão sobre o tipo de doação é exclusivamente dos médicos.
Depois de se submeter a um tratamento que destrói a própria medula, o paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras, que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, higiene pessoal e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente precisa ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre são quase uma regra no paciente transplantado. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário, por vezes, o comparecimento diário ao hospital.
Os riscos são poucos e relacionados a um procedimento que necessita de anestesia. O relato médico de problemas graves ocorridos a doadores durante e após a doação é raro e limitado às intercorrências controláveis. Por este motivo, o estado físico do doador é checado anteriormente, só se habilitando ao procedimento de doação os que têm boas condições de saúde. Em alguns casos é relatada pequena dor no local da punção, dor de cabeça e cansaço. Por volta de 15 dias, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada.
Para realizar um transplante de medula é necessário que haja compatibilidade tecidual entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada. Esta compatibilidade tecidual é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossoma 6. A combinação de genes do doador e do paciente deve ser idêntica (100%) ou muito próxima do ideal (90%). A análise é realizada em testes laboratoriais específicos, a partir das amostras de sangue do doador e receptor, chamados de exames de histocompatibilidade (HLA).
É o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, um cadastro que reúne informações (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas etc) de voluntários à doação de medula para pacientes que precisam do transplante. Um sistema informatizado cruza as informações genéticas dos doadores voluntários cadastrados no REDOME com as dos pacientes que precisam do transplante. Quando é verificada compatibilidade, a pessoa é convocada para efetivar a doação.
A boa evolução durante o transplante depende de vários fatores: o estágio da doença (diagnóstico precoce), o estado geral e as boas condições nutricionais e clínicas do paciente, além, é claro, do doador ideal. Os principais riscos se relacionam às infecções e às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento. Com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova “memória” e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer alguns dos seus órgãos como estranhos. Esta complicação, chamada de doença do enxerto contra hospedeiro, é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada com medicamentos adequados. No transplante de medula, a rejeição é relativamente rara, mas pode acontecer. Por isso, existe a preocupação com a seleção do doador adequado e o preparo do paciente.
Quando não há um doador aparentado (um irmão ou outro parente próximo, geralmente um dos pais), a solução é procurar um doador compatível entre os indivíduos da população em geral, representada por diferentes grupos étnicos (brancos, negros, amarelos etc) e suas combinações. Desta forma, surgiram os primeiros registros de doadores de medula óssea, em que voluntários são cadastrados e selecionados para ajudar pacientes de todo o mundo. Hoje, já existem mais de 38 milhões de doadores em todo o mundo. No Brasil, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) promove a busca de doadores no Brasil e nos registros estrangeiros.
O hemocentro responsável pelo cadastro irá passar informações sobre o REDOME e o transplante de medula óssea ao candidato a doador. Depois, o doador voluntário irá preencher uma ficha com informações pessoais (é necessário apresentar o documento de identidade) e assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Será retirada uma pequena quantidade de sangue (10ml) do candidato a doador para análise por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar as características genéticas que vão ser cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes para determinar a compatibilidade. Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no REDOME.
Quando houver um paciente com possível compatibilidade, o doador será consultado para decidir quanto à doação. Por este motivo, é necessário manter os dados sempre atualizados. Para seguir com o processo de doação serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação para o doador.
Ao total, são 70 centros para transplantes de medula óssea. Destes, 30 realizam transplantes com doadores não aparentados e estão distribuídos por 8 estados brasileiros e no Distrito Federal.
O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no REDOME. Agora há mais 5 milhões de doadores inscritos. A chance de se identificar um doador compatível, no Brasil, na fase preliminar da busca é de até 88%, e ao final do processo, 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos e da Alemanha. A evolução no número de doadores deveu-se aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o INCA. Essas campanhas mobilizaram hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral.
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