Seguindo o cronograma de ações do Dia Mundial do Doador de Medula Óssea (World Marrow Donor Day – WMDD), celebrado em 20 de setembro e que este ano traz o tema “Heróis da Esperança” (Hope Hero), o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), do Ministério da Saúde, dedica o dia 18 de setembro para homenagear todos os couriers. Estes profissionais assumem a missão de transportar medula óssea entre diferentes regiões do Brasil e do mundo, conectando doadores a pacientes que aguardam uma chance de cura.
Atualmente, dados internacionais indicam que cerca de 50% dos transplantes de medula óssea envolvem doadores internacionais e o que demonstra a importância desta etapa para a garantia de um transplante seguro”, destaca Danielli Oliveira, coordenadora técnica do REDOME. No ano de 2024, esses profissionais foram responsáveis pelo transporte de 294 produtos celulares em território nacional e 185 produtos provenientes de outros países, permitindo o transplante de medula óssea de 479 pacientes brasileiros.
A função do courier é tão delicada quanto essencial: cada minuto conta, e qualquer imprevisto pode comprometer a viabilidade do transplante. Mais do que transportar um material, esses profissionais carregam, literalmente, uma vida em suas mãos.
Entre as histórias marcantes está a de Alex Gonçalves de Oliveira, courier da empresa Bio Transportes, que participou de uma operação em maio de 2024, quando as enchentes assolavam o Rio Grande do Sul. A missão foi transportar uma medula óssea em um cenário de calamidade pública.
A experiência no Rio Grande do Sul exigiu preparo e sangue frio diante dos desafios logísticos impostos pelas enchentes. “A logística foi previamente pensada e traçada em equipe. Meu foco foi executar o trajeto da melhor forma possível, sem me deixar paralisar pelos bloqueios e pelas dificuldades que o estado estava enfrentando naquele momento”, relembrou.
Parte do percurso foi feita em um helicóptero da Polícia Militar, em uma cena que Alex descreve como inesquecível. “Foi emocionante. Saber que a Polícia Militar estava me esperando para garantir o transporte e, acima de tudo, ajudar a salvar uma vida, foi algo que marcou muito”.
A entrega da medula trouxe uma sensação de dever cumprido. “Foi de felicidade imensa por saber que aquele transporte poderia significar uma nova chance de vida para alguém”, disse.
Alex também destacou o suporte recebido. “Recebi suporte integral da equipe de transporte e operações da empresa, que acompanhou cada passo da missão, além do apoio da minha família, que me aguardava e torcia para que tudo desse certo até o fim”.
Segundo o courier, a responsabilidade da função que desempenha há quase oito anos é acompanhada de um forte impacto emocional. “Não vemos a medula óssea apenas como uma carga, mas como a vida de alguém que depende desse transporte. É um peso emocional diferente de qualquer outro”, afirmou Alex.
“Sempre tive o desejo de trabalhar em algo que tivesse um propósito maior. Ser courier me dá a oportunidade de fazer parte de missões que salvam vidas. Isso é o que me motiva todos os dias”, contou Alex.
Além da enchente histórica que atingiu o Rio Grande do Sul em 2024, os couriers também enfrentaram grandes desafios logísticos durante a pandemia de covid-19. Naquele período, as restrições de voos e fronteiras obrigaram equipes a repensar trajetos e adotar soluções emergenciais para garantir que as medulas chegassem com segurança aos pacientes. Como destacou uma reportagem publicada no site Transporte Moderno, em muitos casos, os couriers tiveram que lidar com aeroportos fechados, voos cancelados e protocolos sanitários rígidos, mas, ainda assim, conseguiram cumprir a missão de salvar vidas.