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Redome

12/12/2025

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Pedalando para a Vida: quando a bicicleta salva vidas

Como um desafio sobre duas rodas incentiva o cadastro de doadores de medula óssea e inspira solidariedade em toda a América Latina

Projeto Pedalando para a Vida. Foto: Arquivo Pessoal

Por meio de expedições de milhares de quilômetros pela América Latina, palestras e campanhas de conscientização, o projeto Pedalando para a Vida transforma o esporte em uma mobilização social para estimular o cadastro de novos doadores de medula óssea, sangue e plaquetas. À frente dessa jornada está Felipe Alex Bozz, analista de sistemas, atleta e representante do projeto, que já percorreu mais de 20 mil quilômetros em seis países levando a mensagem de solidariedade e esperança.

Em clima de festas de fim de ano e seguindo a proposta de inspirar a solidariedade e a esperança em dezembro, esta história integra a série especial que o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) está contando neste mês. 

Herói da vida

O lema do projeto — Faça algo extraordinário. Seja doador de medula óssea — resume o espírito da iniciativa. Para Felipe, ser extraordinário não está em cruzar continentes, mas em um gesto simples: ir a um hemocentro e se cadastrar. “O esforço é pequeno, mas o impacto é gigantesco. É um ato simples, com resultado de herói da vida”, comenta.

A história pessoal de Felipe com a causa surgiu em 2019, às vésperas de sua primeira grande viagem de bicicleta rumo ao Chile. Ele conta que foi profundamente abalado pela notícia da morte do cicloturista Sandro Bike.

A insegurança o levou a pedir um companheiro de viagem, e encontrou Marcelo Borges Vieira, idealizador do Pedalando para a Vida. Ao conhecer o trabalho e o enfrentamento de famílias de pacientes com leucemia e outras doenças hematológicas, Felipe decidiu procurar um hemocentro e se registrar como doador.

Mas ali veio o ponto de virada: um transplante de esôfago feito ainda na infância o impossibilitava de doar sangue e medula óssea. A frustração deu lugar à decisão que marcaria sua vida. “Decidi que, como eu não poderia doar meu sangue, minha medula e meus órgãos em vida, eu usaria minhas forças físicas e espirituais e minhas habilidades para fazer do mundo um lugar melhor”, relata. Foi assim que ele adotou a bicicleta como ferramenta de ativismo e passou a representar o projeto. “Não pude me tornar doador, mas me tornei um ativista. Essa é minha doação”, menciona Felipe.

Como tudo começou

O Pedalando para a Vida surgiu da iniciativa de um grupo de Policiais Militares, o Bala Esportes, voltado ao estímulo à qualidade de vida por meio do esporte. O contato com a Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APACN) despertou uma pergunta-chave: como ajudar além de doações? A resposta veio com clareza: aumentando o número de cadastros de doadores de medula. Assim nasceu a ideia de usar desafios de bicicleta para chamar a atenção da mídia e das pessoas e incentivar novos cadastros no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).

“Hoje o projeto também se dedica a combater os mitos sobre a doação de medula óssea, estimular a manutenção da qualidade de vida e da saúde mental através do esporte e firmar o uso da bicicleta como uma ferramenta de engajamento social e como veículo de transporte sustentável”, conta Felipe.

O impacto nas estradas e fora delas

Ao longo das expedições, o retorno mais marcante é direto e mensurável: pessoas que procuram a equipe para dizer que se cadastraram como doadoras por causa do projeto. Para Felipe, essa é a “métrica mais importante”.

Em hospitais, igrejas e escolas, a narrativa de superação nas estradas se transforma em metáfora para desafios pessoais. Já em empresas, o projeto inspira engajamento, trabalho em equipe e propósito coletivo. “As palestras nos dão o retorno profundo da transformação: seja um novo cadastro, um novo propósito ou a confiança para superar desafios”, afirma.

Expedições, riscos e resiliência

Os desafios físicos são intensos: rotinas rígidas de treino, bicicletas que chegam a 50 quilos com equipamentos e trajetos que precisam ser concluídos no curto período das férias. Pedalar sob chuva e sol se torna regra, não exceção. Mas são os desafios emocionais que mais marcam: saudade da família, medo e, por vezes, incompreensão. “O que nos move é o propósito”, diz Felipe.

As viagens também renderam episódios inesquecíveis, como quando ele quase perdeu a vida por covid-19 na Bolívia e foi salvo pela solidariedade de um desconhecido, ou quando um programa de TV no Paraguai ampliou a mensagem do projeto para milhares de pessoas. Até imprevistos mecânicos, como a quebra da bicicleta no deserto do Atacama, viraram lições de resiliência.

“Tudo isso nos prova que a mensagem do Pedalando para a Vida é universal e que nossos limites são, muitas vezes, apenas barreiras linguísticas ou emocionais que o propósito consegue romper”, afirma.

Os próximos quilômetros

O projeto vive uma nova fase. A meta imediata é transformar os mais de 580 quilômetros de um desafio entre Santo Inácio e São Mateus do Sul em 580 novos cadastros de doadores até o fim do ano. Na sequência, vem a maior expedição da história do grupo: mais de 1.200 quilômetros rumo à Terra do Fogo, na Argentina.

Gratidão como combustível

Ao olhar para trás, Felipe resume o sentimento em duas palavras: orgulho e gratidão. “O maior resultado não está nos quilômetros pedalados, mas na inspiração e no comprometimento que registramos”, conclui Felipe de forma inspiradora.

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